Trata-se de uma coleção familiar, sendo constituída de documentos iconográficos em sua grande maioria. A coleção faz referência, em especial ao casal Otília Fernandes (1878-1933) e Ferdinando Seyssel (1876-1975), e aos seus filhos Henrique, palhaço clown (1902-1985); Paulo Seyssel, o palhaço Aleluia (1904-1992); Eurico, o palhaço Siri (?-?), Olinda (1913-?), Emma (1916-?), principalmente ao mais famoso da família: Waldemar, o palhaço Arrelia.(1905-2005), A coleção também reúne documentos referentes ao Circo Irmãos Seyssel, e a outros artistas do final do século XIX, além da geração seguinte da família (quarta), na pessoa de Walter Seyssel, o palhaço Pimentinha, (1926-1992), e da qual faz parte também Dayse Seyssel (1933), filha de Olinda e Domênico Piro, que doou a coleção ao CMC. Um dos destaques da coleção é uma fotografia em que vemos o ainda criança Ferdinando Seyssel acompanhado dos irmãos, das irmãs e do pai, devidamente paramentados como artistas circenses.. Chama também a atenção uma fotografia em que vemos o elenco feminino uniformizado para apresentação de uma partida de futebol, nos anos de 1920/1930. Um outro destaque é o cartaz em tecido, doado por Amélia Seyssel, de 1928, anunciando o milésimo espetáculo do Circo Alcibíades, do qual Vicente Seyssel, irmão de Ferdinando, mantinha sociedade, em sua histórica temporada no Largo do Paissandu entre 1925 e 1929.
Atualmente, a coleção, depois de passar por procedimentos de preservação, conservação e pesquisa, encontra-se:
• classificada;
• higienizada;
• acondicionada;
• catalogada parcialmente;
• digitalizada parcialmente
• pesquisa iniciada;
• disponível para consulta presencial a partir dos procedimentos internos do CMC
A coleção soma 210 documentos nos formatos iconográficos, condecorativos, fonográficos/musicais, textuais:
Como é de se esperar, Waldemar Seyssel, o palhaço Arrelia, um dos mais populares artistas do circo brasileiro, é o principal personagem da coleção. É a ele que se refere boa parte das peças gráficas, dos documentos audiovisuais, textuais, com exceção das fotografias que contemplam igualmente os filhos de Otília e Ferdinando - Paulo, Waldemar, Henrique, Eurico, Olinda e Emma. As fotografias também retratam a área externa do circo da família - Circo Irmãos Seyssel - em suas temporadas no Largo da Pólvora, em São Paulo na década de 1950, e, em data desconhecida, em Poços de Caldas. A coleção conta também com uma série de cartões lembrança de artistas da virada do século XX, provavelmente colegas do casal Otília e Ferdinando; e um boneco miniatura do palhaço Arrelia, uma criação de Carlos Rafael, em 1995, que fez à mão uma série de 100 bonecos do palhaço com a intenção de o replicar em escala industrial.
A presença de uma série de cartões com imagem de artistas do final do século XIX e início do seguinte, assim como um certo equilíbrio na quantidade de fotografias dos filhos de Otília e Ferdinando - Henrique, clown; Paulo, o palhaço Aleluia; Waldemar, o palhaço Arrelia; Eurico, o palhaço Siri, Olinda e Emma, - indicam que a coleção provavelmente começou a ser constituída pelo casal, e, num segundo tempo, pela sua neta, Dayse, que reuniu principalmente o que a imprensa publicou sobre seu tio Waldemar. A impressão que se tem é que Dayse fez um apanhado dos documentos que possuía sobre a vida circense de sua família e entregou a Verônica Tamaoki, em 2008, que na época realizava a pesquisa “Largo do Paissandu, onde o circo se encontra” e, na sequência coordenaria a criação do CMC.
Em 29 de março de 2012, foi registrado depoimento de Dayse, juntamente com Waldemar Seyssel Filho e Victória Argentina Nelson, sobre a trajetória da família Foi feito reconhecimento de fotos que integram a coleção, identificado lugares, datas, pessoas e famílias presentes. Ainda em 2012, a coleção subsidiou a exposição de caráter permanente do CMC, Hoje tem espetáculo, onde encontra-se exposto o boneco miniatura do palhaço Arrelia.
Em 2017, na ocasião do lançamento do livro Centro de Memória do Circo, a instituição recebeu de Amélia Seyssel, que foi casada com Walter Seyssel, o palhaço Pimentinha (1926-1992), terceira geração da família, um cartaz, em tecido, do Circo Alcibíades, no ano de 1928, anunciando o milésimo espetáculo de sua exitosa temporada no Largo do Paissandu, entre 1925 e 1929.
No início da década de 2020, a coleção Família Seyssel foi uma das fontes da pesquisa realizada por Aira Bonfim sobre o futebol feminino no Brasil. Constatou-se que as primeiras exibições de partidas femininas no país aconteceram nos picadeiros de muitos dos circos que circulavam pelo país.
Em 2022 parte do acervo iconográfico foi reproduzido na Exposição Itinerante “O circo modernista”, que contextualizou a influência circense no projeto modernista brasileiro a partir das famílias em atividades nas primeiras décadas do século XX, e que formaram verdadeiras dinastias de palhaços, como a da família Seyssel.
Em 2023 começou a ser realizado o processo de reconhecimento e classificação final dos níveis de acesso da coleção; assim como a descrição, contextualização histórica e catalogação.