A relevância da Família Pinto entre as companhias que estruturaram o circo brasileiro vai além do público tradicional dos espetáculos circenses e alcança outros estratos sociais, seja a elite intelectualizada ou o público de massa, que consome os produtos dos meios de comunicação. Ela legou Abelardo Pinto Piolin, reverenciado tanto pelos modernistas quanto pelo grande público urbano, e legou Ankito, humorista que fez carreira cinematográfica, além dos fundadores, que herdaram da tradição a essência do picadeiro.
A primeira geração circense da família Pinto deu-se da união de Galdino Pinto (1882-1945), empresário circense, nascido em Barra do Piraí, com a artista Clotilde Farnezi Pinto (1880-?) no final do século XIX. Foram proprietários do Circo Galdino Pinto e do Circo Americano. Clotilde fazia exibições de destreza como atiradora: montada em um cavalo, era capaz de derrubar um cartão de visitas a muitos metros de distância. Galdino começou aos 15 anos no circo de José Barcilino e, quando adulto, foi reconhecido como empresário circense. Em seu circo atuaram famílias de renome como Pery, Seyssel, Ozon, Mange, Martinelli, Polydoro, Olimecha.
O casal teve três filhos: Raul, Abelardo e Anchises. O filho do meio, Abelardo Pinto (1887-1973), o palhaço Piolin, fez história no Largo do Paissandu nos circos Queirolo e Alcibíades e, posteriormente, na sua própria lona, o Circo Piolin. O caçula Anchises, por sua vez, foi o palhaço Faísca, exímio acróbata e pai de Anchises Filho, o Ankito. Este, que por sua vez, apresentou-se na juventude como acrobata em circo e cassinos cariocas e desenvolveu uma duradoura e prestigiada carreira no cinema, teatro e TV.
Destacam-se ainda os filhos de Abelardo – Aylor, Ayola, Áurea, Albertina e Ariel – também seguiram carreira circense, realizando números de acrobacia e ciclismo. Ayola casou-se com o artista circense Nelson Garcia, o Figurinha, e Ariel fez uma sólida carreira na TV, participando das novelas Selva de Pedra (1972), O Bem Amado (1973) e Gabriela (1975), entre outras.