A complexidade do espetáculo do circo e das questões envolvidas na itinerância sedimentaram uma riqueza de conhecimentos constituídos pela comunidade circense ao longo de quase dois séculos de atuação no país. Algumas das atividades que tiveram no circo seu primeiro espaço, como as peças gráficas – tabuletas e cartazes – e a própria confecção da lona, migraram para outros setores, artesanais ou industriais.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) define o conceito de saberes como os “conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades”. Assim o Centro de Memória do Circo (CMC) denominou toda uma rede de artes e artesanatos desenvolvida pela comunidade circense em respostas às necessidades técnicas relativas não apenas ao seu espetáculo, mas também à arquitetura nômade da lona principal e do seu entorno (moradia, praça de alimentação, bilheteria, etc.), aos meios de transportes e modos de divulgação.
Como os currículos das escolas de circo que surgiram no país no final da década de 1970 abrangeram principalmente o ensino das artes circenses, os saberes continuaram a se desenvolver e ser transmitidos de geração a geração unicamente nos circos itinerantes de lona. Fazem parte dessa cadeia: gastronomia, arquitetura nômade, bordados em lantejoulas, tabuletas, produção de cenários, entre outros.
Além da necessidade de registrar e difundir os saberes do circo diante do risco de extinção de alguns deles, o que também levou o Centro de Memória do Circo a se debruçar sobre o tema foi a necessidade de se apropriar da plasticidade, tão peculiar do circo, para a criação não só de exposições, mas do próprio espaço físico da instituição. O envolvimento direto dos mestres circenses na realização das oficinas, fez desenvolver a prática do demonstrativo. Demonstra-se o que se faz sem necessariamente ensinar.
Conheça um pouco mais de cada saber circense nas páginas abaixo.